A 23ª reunião do Centro Integrado de Coordenação Estadual (CICOE), realizada na tarde de quarta-feira (17), marcou o fechamento do ano de 2025 com a apresentação dos dados referentes aos incêndios florestais em Mato Grosso do Sul. De 1º de janeiro a 16 de dezembro de 2025, houve queda de 70,5% na área queimada do bioma Cerrado e de 92,4% no Pantanal, na comparação com o mesmo período de 2024.
Também houve queda significativa nos focos de calor, com o Pantanal registrando 434 focos em 2025, frente a 8.156 no ano anterior, e o Cerrado passando de 3.823 para 1.164 focos. As ocorrências atendidas pelo Corpo de Bombeiros Militar caíram de 5.484 para 4.435, evidenciando o impacto das ações preventivas adotadas ao longo do ano.
Para o secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), que preside o CICOE, os resultados apresentados são reflexo direto da consolidação do Plano Estadual de Manejo Integrado do Fogo (PEMIF). Segundo ele, “os investimentos adequados, a governança estratégia adotada pelo Governo do Estado e condições climáticas favoráveis foram determinantes para esse resultado. Nós priorizamos a atuação antecipada, o planejamento técnico e a integração entre os órgãos, mudando o foco exclusivo do combate para uma política permanente de prevenção. A redução das queimadas em áreas sensíveis, como unidades de conservação, terras indígenas e a região da Rede Amolar, demonstra a efetividade do modelo adotado e reforça a importância da coordenação institucional para a proteção ambiental”, afirmou.
Os dados climáticos apresentados pelo Cemtec indicam que as condições meteorológicas observadas nos últimos meses contribuíram de forma decisiva para a redução dos incêndios florestais em Mato Grosso do Sul em 2025. Em novembro, dos 62 pontos monitorados no Estado, 40 registraram volumes de chuva abaixo da média histórica, 21 ficaram acima e apenas um dentro da média, com destaque para o município de Amambai, que acumulou 272,4 milímetros, valor 46% superior ao esperado para o período.
Já entre os dias 1º e 14 de dezembro, as precipitações se intensificaram em diversas regiões, ajudando a reduzir o risco de propagação do fogo, especialmente no Pantanal. Para o período entre 17 e 22 de dezembro, a previsão aponta perigo de fogo baixo, em função da ocorrência de chuvas recentes e da manutenção de instabilidades atmosféricas, mesmo com temperaturas máximas variando entre 31°C e 35°C.
O Cemtec também apresentou as tendências climáticas para o primeiro trimestre de 2026, indicando um cenário que exige atenção e planejamento contínuo. A previsão probabilística aponta chuvas irregulares entre janeiro, fevereiro e março, com volumes que podem ficar ligeiramente abaixo ou acima da média histórica, a depender da região do Estado. As temperaturas devem permanecer próximas ou ligeiramente acima da média, caracterizando um trimestre mais quente que o normal. Em relação ao fenômeno El Niño–Oscilação Sul (ENOS), os modelos indicam cerca de 68% de probabilidade de neutralidade no trimestre, o que reforça a necessidade de manter o monitoramento constante e as ações preventivas integradas para minimizar riscos de novos incêndios florestais.
Durante a reunião também foram apresentados encaminhamentos estratégicos voltados ao aprimoramento da gestão do Plano Estadual de Manejo Integrado do Fogo. O secretário Jaime Verruck destacou a necessidade de qualificar ainda mais os dados relacionados aos focos de calor, com a diferenciação técnica entre incêndios florestais, queimadas prescritas e queimadas controladas. “A intenção é dar maior precisão às análises e fortalecer a tomada de decisão, permitindo que o uso do fogo, quando previsto tecnicamente, seja tratado de forma responsável e alinhada às diretrizes ambientais”, afirmou.
Outro tema abordado foi o fortalecimento da governança e do planejamento para os próximos ciclos. Foram apresentados o balanço das ações desenvolvidas pelo CICOE entre 2021 e 2025, os investimentos e custeios realizados ao longo de 2025 e os encaminhamentos para a criação de um grupo de trabalho voltado ao uso técnico do fogo em áreas com Planos de Manejo Integrado do Fogo, inclusive durante o período proibitivo, desde que atendidos os critérios legais. A reunião também trouxe os resultados da atuação operacional do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar Ambiental, além das ações de comunicação desenvolvidas para conscientização da população, consolidando uma estratégia integrada que articula prevenção, resposta e responsabilização no enfrentamento aos incêndios florestais em Mato Grosso do Sul.
Pela Semadesc, participaram da reunião o tenente-coronel Leonardo Congro, assessor Bombeiro Militar; o tenente-coronel Cleiton da Silva, assessor Policial Militar Ambiental e a meteorologista Valesca Fernandes, coordenadora do Cemtec, além de representantes do Corpo de Bombeiros, da PMA, do Imasul e da Secom.
Marcelo Armôa, Semadesc
Fotos: Mairinco de Pauda, Semadesc

